terça-feira, 7 de junho de 2016

Análise textual VII. Ostentação e escravidão


3.2 Ostentação e escravidão
Além do complexo palaciano outros índices das riquezas de Salomão são seus cavalos. "Salomão ajuntou mil e quatrocentos carros de guerra e doze mil cavalos de cavalaria. Espalhou uma parte deles por várias cidades e deixou o resto em Jerusalém (I Reis 10: 26)[1]". Assim, as cidades se tornaram estrebarias para guardar os animais de do soberano.
Não sendo o bastante a terra, a expansão colonialista de Salomão chega às águas: "O rei Salomão também construiu uma frota de navios em Eziom-Geber, que fica perto de Elate, no golfo da Ácaba, no país de Edom. O rei Hirão mandou alguns marinheiros competentes de sua frota de navios para navegarem junto com os homens de Salomão. Eles foram até a terra de Ofir e trouxeram para Salomão mais de catorze mil quilos de ouro( I Reis 9:26-38)." Além dessa viagem para terras exóticas, os barcos de Salomão foram "até a Espanha junto com a frota de Hirão. Cada três anos a sua frota voltava trazendo ouro, prata, marfim, macacos e micos ( I Crônicas 9:21)".
Mas de onde vinham todos esses bens?
1- presentes: "O rei Salomão era mais rico e mais sábio que qualquer outro rei, e pessoas do mundo inteiro queriam ir ouvir a sabedoria que Deus lhe tinha dado. Todos aqueles que chegavam traziam um presente para ele: objetos de prata e de ouro, roupas, armas, especialmente, cavalos e mulas. E foi assim ano após ano( I Reis 10:23-25)."
2- comércio internacional: "Os agentes do rei forneciam cavalos e carros de guerra para os rei heteus e sírios, vendendo cada carro por seiscentas barras de prata e cada cavalo por cento e cinquenta barras de prata( I Reis 10:29)."
3- Tributos de seu povo; 4- Tributos das nações sob seu governo; "Todos os anos o rei Salomão recebia mais ou menos vinte e três quilos de ouro, além dos impostos pagos pelos comerciantes e vendedores. Também os rei árabes e os administradores dos vários distritos do país lhe traziam prata e ouro( II Crônicas 9:13-14)".
4- Trabalho escravo
O trabalho escravo foi a megamáquina de inspiração egípcia que forneceu a mão de obra suficiente para as grandes construções reais.  Estas obras não se restringiram ao complexo palaciano e o do templo. A reurbanização mesma de Jerusalém e das cidades tomadas à força por David e por Salomão ou destruídas pelo Faraó foram realizadas por escravos: "O Rei Salomão usou trabalhadores forçados para construir o Templo e seu próprio palácio, para aterra o lado leste da cidade e pra construir as muralhas de Jerusalém. Também usou esses trabalhadores para reconstruir as cidade Hazor, Megido e Gezer[2]. (...) Usando os trabalhadores forçados, Salomão reconstruiu Bete-Horum-de-Baixo, Baalate e Tadmor, no deserto de Judá. Anda reconstruiu as cidade onde armazenava mantimentos, as cidade onde ficavam os cavalos e carros de guerra e tudo mais que ele quer construir em Jerusalém, no Líbano e em outras partes do reino (I Reis 9:15:1-19).
E quem eram esse escravos: "Para esse trabalho forçado, Salomão usou os descendentes do povo de Canaã que os israelitas não haviam matado quando conquistaram seu país. Entre esse trabalhadores forçados estavam amorreus, heteus, perizeus, heveus e jebuseus. E os descendentes deles continuam escravos até hoje. Nenhum israelita foi obrigado a trabalhar como escravo. Os israelitas serviram como soldados, oficiais, comandantes, capitães de guerra e cavaleiros ( I Reis 9:20-22)".
 Duas consequências dessa narrativa:
1- há uma divisão no reino entre homens livres e homens sob servidão, todos subjugados pela a monarquia. A distinção entre essa classe de homens se baseia no nascimento/origem étnica e na qualidade de trabalho exercida.
2- tal divisão inverte o passado israelita de escravos no Egito: 215 anos passados em cativeiro naquele país rico e poderoso agora se confrontam com um país rico utilizando a mão de obra forçada.




[1] Em II Crônicas 9:25 os números são os seguintes: "Salomão tinha mil cocheiras para os seus carros de guerra e para seus cavalos e também possuía doze mil cavalos de cavalaria".
[2] A cidade de Gezer possui um destaque dentro desse rol: "Faró, rei do Egito, havia atacado e conquistado a cidade de Gezer, matando seus moradores, que eram cananeus, e pondo fogo na cidade. Depois o rei do Egito tinha dado Gezer como presente de casamento à sua filha quando ela casou com Salomão, e Salomão reconstruiu a cidade ( I Reis 9:16-17)".

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